quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Diário de um Tripulante

"Imagine morar em uma cidade bem pequena, com 600 habitantes, que apesar de não ser bonita, recebe turistas de todo o mundo, na maioria das vezes o dobro da própria populaçao.
Agora imagine que nessa cidade o prefeito baixou um decreto e que ninguém pode mudar de casa, mesmo que todas elas sejam iguais, feito um pombal. As residências não têm cozinha, nem área de serviço, muito menos sala, ou seja, basicamente um quarto e um banheiro.
Depois de uma louca nos vereadores, eles aprovaram uma lei que não permite comida nas casas, somente água, e deram suporte a uma inspeção quinzenal para assegurar que isso será cumprido à risca. Como se não bastasse, só dois restaurantes tem permissão de funcionar na cidade, e algumas pessoas são autorizadas a ir em uns, outras em outros. Depois que eles são fechados, se você respeita a lei anterior, as opções são: fome ou furto de alimentos.
Falando em Apartheid, alguns habitantes locais são proibidos de frequentarem algumas áreas da sua própria cidade, sem falar nas áreas que podem ser frequentadas com restrição de horário e aquelas que só podem ser visitadas com a roupa autorizada. Agora o mais marcante talvez seja o toque de recolher, que desautoriza os cidadãos a permanecerem na maior parte da cidade depois das duas da manhã.
Imagine agora que devido a uma crise de dinheiro na cidade as empresas locais foram autorizadas a explorar a sua mão de obra ininterruptamente, sem dias de descanso, mas com horas. Além disso, a cidade fica numa área de instabilidade geológica, por isso os terremotos são muito frequentes.
Agora como ponto positvo, pense que todos os habitantes locais tem 20% de desconto nos shoppings, moram em uma cidade que consegue ser vizinha de cidades como Veneza, Atenas, Malta e outras ilhas da Grécia, ao mesmo tempo. Os restaurantes nunca cobram os 10% de serviço, a propósito, nem a comida... Como compensação pela proibição de comida nas casas a cobrança de aluguel foi proibida
Finalmente, apesar de morarem na mesma cidade, a população local é absolutamente heterogênea, o que dá a oportunidade de conhecer a respeito da vida e costumes em muitos países.Se vocês conseguiram imaginar tudo isso, deu pra ter uma idéia de como é a vida a bordo".
Por Bruno Barreto

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